JOAQUIM TOMAZ FALANDO SOBRE O BOLSA FAMÍLIA
É o maior e mais importante projeto antipobreza do mundo
Fátima Oliveira, em O TEMPO
Médica – fatimaoliveira@ig.com.br @oliveirafatima_
Eu não tinha a dimensão do ódio de classe contra o Bolsa Família.
Supunha que era apenas uma birra de conservadores contra o PT e quem
criticava o Bolsa Família o fazia por rancor de classe a Lula, ou algo
do gênero, jamais por ser contra pobre matar a sua fome com dinheiro público.
Idiota ingenuidade a minha! A questão não é de autoria, mas de
destinatário! Os críticos esquecem que a fome não é um problema pessoal
de quem passa fome, mas um problema político. E Lula assumiu que o
Brasil tem o dever de cuidar de sua gente quando ela não dá conta e
enquanto não dá conta por si mesma. E Dilma honra o compromisso.
Estou exausta de tanto ouvir que não há mais empregada doméstica,
babá, “meninas pra criar”, braços para a lavoura e as lidas das fazendas
que não são agronegócios… E que a culpa é do Bolsa Família!
Conheço muita gente que está vendendo casas de campo, médias e pequenas
propriedades rurais porque simplesmente não encontra “trabalhadores
braçais” nem para capinar um pátio, quanto mais para manter a postos “um
moleque de mandados”, como era o costume até há pouco tempo! E o
fenômeno é creditado exclusivamente ao Bolsa Família.
Esquecem a penetração massiva do capitalismo no campo que emprega, ainda
que pagando uma “merreca”, com garantias trabalhistas, em serviços
menos duros do que ficar 24 horas por dia à disposição dos “mandados” da casa-grande, que raramente “assina carteira”. Eis a verdade!
Esquecem que a população rural no Brasil hoje é escassa. Dados do IBGE
de setembro de 2012: a população residente rural é 15% da população
total do país: 195,24 milhões.
Não há muitos braços disponíveis no campo, muito menos sobrando e
clamando por um prato de comida, gente disposta a alugar sua força de
trabalho por qualquer tostão, num regime de quase escravidão, além do
que há outras ocupações com salários e condições trabalhistas mais
atraentes do que capinar, “trabalhar de aluguel”, que em geral nem dá
para comprar o “dicumê”. Dados de 2009 já informavam que 44,7% dos
moradores na zona rural auferiam renda de atividades não agrícolas!
Basta juntar três pessoas de classe média que as críticas negativas
ao Bolsa Família brotam como cogumelos. Após a boataria de 18 de maio,
que o Bolsa Família seria extinto, esse assunto se tornou obrigatório.
Fazem questão de ignorar que ele é o maior e mais importante programa
antipobreza do mundo e foi copiado por 40 países – é uma “transferência
condicional de renda” que objetiva combater a pobreza existente e
quebrar o seu ciclo.
Atualmente, ajuda 50 milhões de brasileiros: mais de 1/4 do povo! E
investe apenas 0,8% do PIB! Sem tal dinheiro, mais de 1/4 da população
brasileira ainda estaria passando fome!
Mas há gente sem repertório humanitário, como as que escreveram dois
tuítes que recebi: “Nunca vi tanta gente nutrida nas filas dos caixas
eletrônicos para receber o Bolsa Família, até parecia fila para fazer
cirurgia bariátrica”; e “Eu também nunca havia visto tanta gente
rechonchuda reunida para sugar a bolsa-voto!”.
Como disse a minha personagem dona Lô: “Coisa de gente má que nunca
soube o que é comer pastel de imaginação; quem pensa assim integra as
hostes da campanha Cansei de Sustentar Vagabundo, que circulou nas
eleições presidenciais de 2010”. São evidências de que há gente que não
se importa e até gosta de viver num mundo em que, como escreveu Josué de
Castro, em Geografia da Fome (1984): “Metade da humanidade não come e a outra não dorme com medo da que não come…”.
"" Os textos em negrito foram grafados por mim. A questão é muito
simples: Gente para trabalhar existe muita por ai, depende de quanto
estamos dispostos a pagar por esse trabalho....
Joaquim Tomaz de Araujo""
fonte :SÃO TOME NOTICIAS
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